A sexualidade, objeto incessante de estudo da psicanálise, parece ser inerente à condição humana, ou seja, está presente desde o nascimento e se mantém por toda a vida, inclusive na velhice.
Em “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, Freud (1905) define a sexualidade como essencialmente polimorfa e aberrante.
Na cultura ocidental contemporânea, a sexualidade não existe apenas para a procriação e preservação da espécie. Ela se caracteriza pela busca do prazer e realização do desejo e depende tanto de fatores físicos e biológicos quanto psíquicos e emocionais.
Com o envelhecimento, o corpo passa por transformações hormonais e viscerais acarretando, por exemplo, um pior desempenho das funções dos órgãos genitais, como a ereção e a lubrificação vaginal. Ambas alterações dificultam o coito. Essas mudanças físicas parecem rotular o velho como incapacitado para o sexo. Trata-se de uma interpretação superficial, como se a penetração fosse a única fonte de prazer e única manifestação do sexo.
O preconceito presente na sociedade anulando a sexualidade do idoso também está em si com relação a sua própria sexualidade. Essa tendência de associar a velhice à perda da capacidade de fazer sexo aproxima o indivíduo idoso da sua perda de vitalidade e , consequentemente, da morte.
É então essencial uma mudança de paradigma e o entendimento de que na terceira idade, o sexo não se perde e sim sofre transformações. O carinho, o afeto, a ternura e a busca pelo prazer assumem novas versões. O sexo pode ser redescoberto, recriado e o indivíduo é revitalizado nos papéis de homem e mulher.
Para envelhecer com qualidade é importante manter as relações sexuais, adaptando-as conforme as mudanças de cada organismo.
Envelhecer com sexo é preciso, e também nos libertarmos dos preconceitos que rondam o assunto!
Dra Alice Jerusalmi
Geriatra do CIGGA