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É verdade, envelhecer é muito difícil.

“Não me deixam fazer nada”, “parece que sou criança”, “não sirvo mais pra nada”. Essas são algumas das frases que ouço rotineiramente em consultas de geriatria. A angústia gerada pelo envelhecimento acaba sendo compartilhada também pela família que muitas vezes não sabe como ajudar.

À medida que os anos passam ocorre a inevitável diminuição do vigor físico e consequentemente da capacidade de realizar tarefas antes tão fáceis. As sempre excelentes donas de casa, que varriam e carregavam baldes, agora se sentem inúteis. Os outrora provedores do lar, que tanto trabalharam pesado, agora precisam de ajuda para subir um lance de escadas. A tal dependência soa mal para os novos velhos. Como aceitar que depois de ter criado filhos e netos agora precise de auxílio para atravessar a rua a passos lentos?

E quando acontecem as falhas de memória a situação fica ainda pior. Aquele que há poucos anos chegava cedo ao trabalho, fazia 3 tarefas ao mesmo tempo com sucesso, entregava tudo nos prazos, ia ao mercado sem lista… é o mesmo que precisa ser lembrado da hora de tomar os muitos remédios ou de que a conta bancária agora precisa ser conjunta…

Ver os amigos morrerem. Talvez esse seja o pior desconforto que a idade traz… Aquele parceiro que cresceu junto, aquela comadre confidente, os colegas de turma… Dormir e acordar pensando em “quando será a minha vez”… Consegue imaginar?

Por tudo isso e muito mais, quando um paciente se queixa comigo ele ouve “É verdade, senhor João, envelhecer é muito difícil. Mas não precisa ser ruim!”

Cabe a nós _ filhos, netos, médicos _identificar as potencialidades persistentes no idoso e tudo o que ele ainda pode oferecer. Se é capaz de cozinhar sem gerar riscos a si e a terceiros, faça; se pode arrumar algo em casa apenas com supervisão, deixe; se é possível cuidar das crianças por um tempo, porque não? É também importante valorizá-lo quanto aos ensinamentos que só a experiência trazida pelos anos a mais pode gerar. Quem melhor para falar sobre as curvas do caminho do que aquele que está mais próximo do fim? E o principal: empatia. Se tudo correr como planejado, envelheceremos todos.

Dra Michele Dias

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