Tenho atendido com muita frequência, tanto em consultório como em hospitais, pacientes idosos com quadro de sódio baixo. Na maioria das vezes este é apenas um achado laboratorial que não gera repercussões clínicas e não precisa ser corrigido. Mas em alguns casos, quando há sintomas ou quando os níveis estão muito abaixo do esperado, existe a necessidade de reposição venosa desta substância. Mas afinal, por que isso acontece?
O sódio é um componente natural e importante do nosso organismo. Em condições normais sua taxa no sangue varia entre cerca de 135 e 145 mEq/L. É um elemento químico essencial para o adequado funcionamento de nossas células, em especial os neurônios. Por isso, a variação aguda ou excessiva em sua concentração no sangue pode levar a quadros graves como convulsão e coma.
A população idosa é particularmente predisposta a estas alterações do equilíbrio químico devido às próprias alterações fisiológicas do envelhecimento, que chamamos de senescência. Ou seja, naturalmente o funcionamento dos rins e a produção de hormônios, importantes para a manutenção dos níveis de sódio, encontram-se mais susceptíveis e menos capazes de responder adequadamente a “agentes estressores”.
Os principais “agentes estressores” causadores da redução dos níveis de sódio em idosos são o uso de medicamentos e a existência de doenças predisponentes. Uma grande quantidade de medicamentos, especialmente os diuréticos, são causadores deste distúrbio. Isso não significa que não possam ser prescritos ou utilizados, mas caso ocorra a queda da taxa de sódio, o uso destas medicações precisa ser revisto, com avaliação criteriosa de riscos e benefícios. Muitas doenças, desde pneumonia até neoplasias, também podem levar à redução desta substância.
Como exposto previamente, a simples aferição da taxa de sódio no sangue não é critério suficiente para correção. Cabe ao médico avaliar se há sintomas associados, a gravidade do quadro e principalmente a causa real do problema para propor conduta mais adequada caso a caso. Converse com seu médico para maiores esclarecimentos.
Michele Dias Pinheiro – Geriatra do Cigga