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Os sintomas comportamentais e psicológicos em idosos com demência.

A deterioração das funções cognitivas constitui o núcleo fundamental dos sintomas clínicos das demências. No entanto, existem muitos outros sintomas, como os distúrbios neuropsiquiátricos, que podem afetar gravemente a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares e gerar numerosos problemas no dia a dia.

Tais sintomas são comuns nas demências, sendo vistos em 60-92% desses pacientes. A sua prevalência aumenta com a severidade e o avanço da doença. Pode-se destacar, dentre tais sintomas, a agitação, a agressividade, as alucinações, as ilusões, a depressão, a apatia, a desinibição e o distúrbio do sono.

A presença dos sintomas comportamentais e psicológicos em idosos com demência afeta não só os próprios pacientes, mas também a família e cuidadores. Sua ocorrência tem sido relacionada ao curso clínico desfavorável e evolução rápida da doença, além do aumento da taxa de institucionalização e da sobrecarga dos cuidadores, e diminuição da sobrevida desses pacientes.

Os distúrbios comportamentais comumente se apresentam no final da tarde ou no anoitecer. Fatores de risco para esse fato podem ser o distúrbio do sono e a falta de exposição à luz solar, com confusão mental em relação ao dia e à noite.

As ilusões são mais comuns do que as alucinações nos pacientes com demência de Alzheimer, com prevalência de 30% nos casos severos. A ilusão paranoide ou persecutória, pode se manifestar na crença de que a casa foi invadida, os objetos pessoais foram roubados, os membros da família são impostores ou o companheiro/a é traidor. A presença tanto de ilusões como alucinações associa-se à piora tanto da funcionalidade quanto da cognição.

A agitação e outros distúrbios comportamentais podem ter causas subjacentes, sendo importante identificar sua causa para o manejo adequado da situação. Em muitos pacientes, a mudança do comportamento pode ter como fator desencadeante alguma infecção ou toxicidade medicamentosa. Em outros, por sua vez, pode ser manifestação de dor, medo ou da privação do sono.

Em relação ao tratamento, as terapias não farmacológicas são eficazes na redução da agitação e ansiedade nos pacientes com demência. Implementação de atividades diárias, musicoterapia, realização de massagens, além de aconselhamento aos cuidadores (para estruturar rotina, ter respostas calmas aos idosos e apresentar estratégias de distração) auxiliam no controle comportamental. Já as terapias farmacológicas são necessárias em alguns casos e devem ser associadas às medidas comportamentais.

É importante lembrar sempre que os sintomas neuropsiquiátricos fazem parte da doença (demência). O idoso com essa patologia continua a possuir sua individualidade, ser uma pessoa e merecer o devido respeito, carinho e consideração, como qualquer outro ser humano. Grupos de cuidadores são uma ótima ferramenta para ajudar a lidar com essas situações, prevenindo a sobrecarga de quem cuida e contribuindo para o bem-estar do idoso.

Dra Letícia Barreto
Geriatra do Cigga

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