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Incontinência Urinária na Terceira Idade

Incontinência Urinária na Terceira Idade

O processo fisiológico de envelhecimento pode ser acompanhado por maior vulnerabilidade às doenças, que podem interferir na independência, autonomia, mobilidade e outros domínios como capacidade intelectual e social.

O envelhecimento pode alterar o perfeito funcionamento das vias 
urinárias inferiores e da bexiga, favorecendo a incontinência urinária (IU), que é definida como “qualquer perda involuntária de urina”, uma condição muito comum entre idosos. Apesar da maior prevalência no idoso, a IU não é inerente ao processo de envelhecimento. Achar que perder urina é coisa de “velho” é um grande mito que precisa ser esclarecido.

Condições que predispõem à IU

Idade: considerada o principal fator de risco para a IU feminina, afeta significativamente as mais idosas, em geral a partir do climatério/menopausa, com índices de 43% na faixa etária de 35 a 81 anos.

Obesidade: a obesidade é um fator que agrava ou contribui para o desenvolvimento da IU, alta pressão intra-abdominal provocada, principalmente, pelo aumento de peso na região da cintura-quadril e, consequentemente, do aumento da pressão intravesical alterando o mecanismo fisiológico do trato urinário.

Paridade: a paridade é um dos fatores que mais se procura associar com o desenvolvimento de IU.

Tipos de parto: o parto vaginal está associado com o aumento de casos de IU quando comparado com o parto cesáreo, no entanto, o parto vaginal isoladamente não é o causador da IU e sim quando associado às lesões e traumas do assoalho pélvico.

Peso do recém-nascido: o peso do recém-nascido, tanto durante a gravidez quanto no parto vaginal, influenciam o aumento da prevalência de IU. Este fator pode estar relacionado com o aumento da pressão intra-abdominal, e, consequentemente, com o aumento da pressão intravesical. Além disto, existe o risco para lesão do assoalho pélvico durante o parto vaginal.

Menopausa: as prevalências de IU em mulheres na pré e pós menopausa têm sido muito estudadas e os resultados têm confirmado associação significativa, com índices que variam de 46% a 64%.

Cirurgias ginecológicas ou Urológicas: há associação significativa entre a IU e cirurgias ginecológicas e a IU. Acredita-se que a excisão ou o prolapso do útero comprometem as funções do assoalho pélvico, visto que, este órgão suporta parte deste assoalho a sua remoção pode causar danos nas estruturas que sustentam a bexiga e a uretra. As cirurgias para problemas prostáticos também podem levar à IU.

Constipação intestinal: atualmente, a constipação tem sido estudada como um fator que aumenta o risco de IU. A constipação crônica afeta a função urológica: o estiramento do reto pode comprimir a bexiga, contribuindo para a retenção urinária, causando infecção do trato urinário e, frequentemente, a força realizada durante a evacuação intestinal pode lesar a musculatura pélvica e, através da distensão, traumatizar e causar isquemia muscular.

Doenças crônicas: a diabetes e doenças neurológicas são fatores de risco para IU. As condições neurológicas, incluindo doenças que afetam o movimento, como AVE e Doença de Parkinson , podem causar contração involuntária da bexiga e IU.

Fatores hereditários: diferenças significantes de prevalência de IU foram encontradas entre mulheres negras, hispânicas e brancas. Quanto aos tipos de IU, a hiperatividade vesical predominou entre mulheres negras e a IU de esforço entre as hispânicas, asiáticas e brancas. As mulheres da raça branca têm maior prevalência de IU quando comparadas com as da raça negra. Ao comparar as mulheres incontinentes com as continentes, a história familiar de IU foi 2,6 vezes maior nas mulheres incontinentes e mais provável ter, pelo menos, um membro da família com IU.

Uso de drogas: o uso de medicamentos é fator que contribui para a IU transitória. Alguns medicamentos aumentam a frequência e a urgência.

Consumo de cafeína: a cafeína tem uma ação diurética nos rins aumentando o volume urinário. A ingestão da cafeína em alta concentração pode causar instabilidade do músculo detrusor e, consequentemente, perda involuntária de urina.

Tabagismo: o fumante frequentemente apresenta tosse mais vigorosa e frequente, causando efeito direto ou indireto na bexiga ou na uretra podendo danificar os componentes e o mecanismo esfincteriano da uretra propiciando a IU. Além disso o Tabaco influencia na atividade hormonal, que deixa de proteger o sistema urinário feminino.

Exercícios físicos: o exercício físico rigoroso é um dos fatores de risco para a IU em mulheres jovens, nulíparas e idosas.

Principais problemas associados à IU

A IU pode levar à solidão, tristeza, depressão e influenciar na qualidade de vida do idoso. Essa influência varia com o tipo de incontinência e com a percepção individual do idoso em relação ao problema.

Além de problemas de higiene, a IU pode causar situações de constrangimento e isolamento social. Muitos idosos incontinentes não relatam o problema aos profissionais da saúde e nem aos familiares, por sentirem vergonha.

O problema começa insidiosamente e, em geral, o idoso procura auxílio somente quando a incontinência está comprometendo sua qualidade de vida severamente.

A grande maioria dos idosos que perdem urina desconhecem que existem tratamentos para esse problema. Estima-se que 85% dos que sofrem de incontinência podem ser totalmente curados; outros10% podem ter melhora significativa e os 5% restantes podem levar uma vida mais confortável.

Não procurar o tratamento correto para a IU deixa o idoso exposto a dependência de fraldas, aumenta o risco de infecções do trato urinário, lacerações de pele, interrompe o sono noturno e pode causar quedas, quando este corre para o banheiro.

Além de todos as complicações citadas, a IU também é a principal causa de auto asilamento entre os idosos.

Tratamento da IU

Dependendo do tipo de incontinência, o tratamento pode ser fisioterapêutico, medicamentoso, cirúrgico, ou uma combinação entre estas opções.

O uso de medicação para a IU pode ser indicado e beneficiar alguns pacientes, mas nem sempre resolve o sintoma e pode causar diversos efeitos colaterais no idoso como boca seca e problemas de memória. Para alguns casos mais específicos, a intervenção cirúrgica é a solução e, quando bem indicada, pode mudar a vida do idoso. O tratamento conservador é chamado de terapia comportamental, que inclui as mudanças de estilo de vida e a fisioterapia, e deve ser a primeira linha de tratamento para quase todos os tipos de IU.

Na fisioterapia, utiliza-se recursos como o treinamento e fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico, onde as contrações voluntárias na musculatura do períneo conferem maior estabilidade para a uretra, evitando as perdas sobre aumento da pressão intra abdominal (tossir, rir etc).

A eletroestimulação pode ser utilizada tanto no aprendizado da contração perineal quanto para os casos em que ocorre, concomitantemente, a bexiga hiperativa (vontade imperativa de urinar que não pode ser protelada).

Biofeedback são aparelhos que emitem sinais visuais ou sonoros em resposta à contração muscular, cones vaginais, técnicas proprioceptivas e reeducação manual. O paciente será reeducado no sentido da utilização do seu assoalho pélvico, aprendo a contrair nos momentos certos evitando assim situações de perda.

A fisioterapia tem apresentado excelentes 
resultados no tratamento e na cura da incontinência urinária na terceira idade, mas a escolha pelo melhor tratamento deve ser analisada caso a caso. O mais importante é a avaliação de um profissional competente, para que todas as opções terapêuticas sejam consideradas, com os prós e contras de cada uma delas, possibilitando que o paciente escolha o melhor caminho junto ao médico.

Por Simone da Costa Mazzei

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